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A Substância: Qualquer semelhança, não é mera coincidência



Já imaginou se existe um produto capaz de devolver a juventude, o corpo perfeito e a admiração do mundo? Agora imagine o que esse mesmo produto poderia tirar de você.


🎬 A Substância (2024)

📽 Direção: Coralie Fargeat

⭐ Protagonista: Demi Moore

📍 Onde assistir: Ainda sem dados oficiais para streaming no Brasil


O que você faria para ser jovem para sempre? Essa pergunta já percorreu a mente de todas as mulheres em algum momento da vida. E talvez a resposta tenha sido uma injeção aqui, um creme ali, um tratamento promissor acolá. Mas e se fosse possível mais do que isso? Se houvesse uma substância capaz de criar uma nova versão sua, perfeita e livre das marcas do tempo?


"A Substância", mergulha no terror do corpo feminino e na obsessão pela juventude eterna. Estrelado por Demi Moore, o longa acompanha Elisabeth Sparkle, uma mulher que, ao chegar aos 50 anos, vê sua carreira e sua imagem ruírem diante de um mundo que não perdoa a passagem do tempo. Então, ela encontra uma solução milagrosa: um tratamento revolucionário que promete rejuvenescer sua pele e seu corpo. Mas o que parecia ser um sonho logo se transforma em um pesadelo.


A trama se entrelaça com algo que já está presente no nosso cotidiano, mas de uma forma mais velada. Estamos tão acostumadas com a pressão estética que nem questionamos mais. Meninas de 10 anos lotam lojas como a Sephora para testar bases e corretivos. Filtros de redes sociais suavizam traços, afinam narizes e deixam a pele impecável, criando um padrão inatingível até mesmo para quem está dentro dele. O medo de envelhecer aparece cedo, e sem perceber, nos tornamos prisioneiras de um tempo que não pode avançar.


O terror corporal do filme escancara esse medo. Ele nos leva ao extremo de um desejo que, no fundo, é tão comum. Queremos parar o tempo, congelá-lo na melhor versão de nós mesmas, sem perceber que essa busca tem um custo alto. Na vida real, esse custo se traduz em mulheres que arriscam tudo por uma chance de permanecerem belas. O chamado "chip da beleza" já deixou muitas delas com efeitos colaterais devastadores. E os incontáveis casos de cirurgias plásticas que resultam em complicações irreversíveis? Quantas histórias de mulheres mutiladas ou desfiguradas ainda vamos ver?


É verdade que muitas saem "vencedoras", mas e as que não saem? E as que pagam o preço mais alto? O sofrimento dessas mulheres raramente encontra acolhimento. Não há suporte emocional para quem, de alguma forma, falhou na tentativa de ser perfeita. Somos bombardeadas por fórmulas do que fazer para sermos sempre mais: mais jovens, mais produtivas, mais desejáveis, mais tudo. Não podemos adoecer. Não podemos falhar. Temos que dar conta de tudo. E o mais assustador no filme é perceber que, independente da versão de Elisabeth que esteja na superfície, o sofrimento permanece. A Elisabeth madura quer permanecer viva, mas a Elisabeth jovem também. E para que uma exista, a outra precisa desaparecer. Mas a que custo?


"A Substância" nos faz olhar de frente para um dilema que vivemos sem perceber. Não temos clones de nós mesmas – ainda. Mas seguimos travando uma batalha silenciosa contra o tempo, tentando, a qualquer custo, não sermos descartadas. A pergunta que o filme nos deixa é: até onde estamos dispostas a ir? E, mais do que isso, será que vale a pena?


Ao final, o que sobra são os rastros de uma luta que nunca deveríamos ter começado. Porque talvez, só talvez, o verdadeiro terror não esteja no corpo que envelhece, mas na ideia de que não podemos ser amadas e aceitas exatamente como somos.


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