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Se é magro, é rico. Se é gordo, é relaxado: muita opinião e pouca noção






Outro dia, enquanto rolava o feed do Instagram, eu parei com algo que sempre me causou um incômodo profundo: os comentários sobre o corpo alheio. Dessa vez, a internet resolveu apontar o dedo para Carolina Dieckmann e Maya Massafera, discutindo seus pesos como se fosse assunto público, como se cada quilo a mais ou a menos fosse um convite aberto para opiniões.


Maya comentou que não está magra, que as pessoas são acostumadas com outro padrão. E que, no fim das contas, “gente rica gosta de gente magra”. Essa frase carrega em si uma verdade que já mudou ao longo do tempo. Houve uma época em que ter um corpo maior era sinônimo de status – fez fartura. Hoje, o jogo virou: a magreza passou a ser vista como um sinal de disciplina, beleza e até sucesso. Mas a que custo?


Carolina Dieckmann também virou alvo. "Tá doente?", "Isso não é normal!", "Precisa se cuidar". Os comentários foram de críticas a especulações sobre sua saúde, como se a imagem de alguém fosse uma questão pública, como se pudéssemos diagnosticar a vida de alguém só por uma foto.


A grande pergunta é: por que conversamos tanto sobre o corpo dos outros? O que nos dá essa sensação de que a aparência de alguém merece nossa opinião?

Se pararmos para pensar, crescemos em um mundo onde o corpo das mulheres sempre foi um assunto coletivo. Desde cedo, aprendemos que existe um tipo de corpo “certo” e um “errado”. Que se estamos acima do peso, precisamos emagrecer. E se estamos magras "demais", devemos engordar. Nunca é bom o suficiente.


O problema não é cuidar da saúde – isso é importante, claro. O problema é quando transformamos a ideia de saúde em um molde rígido, em uma obrigação de ser magra para ser aceita. O que chamamos de “preocupação” muitas vezes não passa de julgamento disfarçado.

A verdade é que não sabemos o que acontece na vida das pessoas. Não sabemos se alguém emagreceu por escolha ou por um momento difícil. Não sabemos se uma pessoa se sente bem consigo mesma ou se está sofrendo. O que sabemos, com certeza, é que palavras pesam.

Então, talvez o melhor que podemos fazer seja algo simples: parar. Parar de falar do corpo dos outros. Parar de apoiar coisas sobre a vida alheia. Para reforçar essa ideia de que o valor de alguém é o número que aparece na balança.]


Se for para falar sobre alguém, que seja sobre sua gentileza, seu talento, sua alegria. Porque, no fim das contas, é isso que realmente importa.





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